quarta-feira, 16 de março de 2011

Especial dia das Mulheres

Versões Ivone Alves Sol


NAS TANTAS MULHERES

Sou poesia tecida com fios de alva
A se esparzir nos versos dos poetas
Que contam sem dizer em palavras
O que guardo nas linhas secretas

Sou o que aparece na oscitação do dia
Cores vibrantes retidas no crepúsculo
O pulso compulsório da calmaria
Que contorna os relevos dos tumultos

Sou rastro do vento que varre as flores
E os odores das pétalas aladas no ar
Sou o que há entre o som e os tambores
Música suave e orquestra a acendrar

Sou o rosto da noite descortinada
Brilho ostentado nas vestes lunares
Mas, é nos lares, que sou aclamada
E às vezes arquivada em tácitos altares.

Sou a fantasia sobre a cama
E o que reclama um lugar
Sou o conteúdo da fragrância
Que unge a noite ao se deitar

Sou escultor e sou a arte
E nas tantas que sou
Eu sou mulher
– Sem disfarce.

Ivone Alves Sol
   Recife PE

Meu carinho a todas as mulheres, que fazem de cada dia, um dia especial!


*****

ÚNICA EM TANTAS

Descubro-me sonho
E me ponho a pensar em ser
A querer o ignorado na manhã
Que nasce antes do dia
A melodia da canção tácita
No desabrochar das acácias
Sobre a relva vazia

Descubro-me sendo
E sonho em como eu seria
Se eu não fosse...
Se não houvesse tantas em mim
Sonhando em ser eu...

Descubro-me tantas
E quero-me única
Em cada uma delas
Para que todas me deixem ser eu
Nos sonhos que me fazem ser – o que estou

Ivone Alves Sol

*****

TANTAS EM MIM 

(Alusivo ao Dia Mulher)


Como definir o ser mulher,
Se há tantas em um só “ser”?
De tanto sê-las, não sei dizer o que sou...
De tanto vivê-las, vivo o que delas em mim cultivou.
Se uma delas me dilacera o coração,
A outra me equilibra com a razão.
Ainda existem aquelas
Que se perdem na multidão...
E tantas outras me deixam na mão!
Há uma que escreve o que a alma dita,
Outra que grita estando contida.
Às vezes se cruzam na mesma estação,
Outras vezes colidem na contramão.
Pobre mulher emoção...
Encontra-se e se perde na imaginação!
- Há uma que chama a minha atenção:
Aquela que a todas dá as mãos.
Pergunto pra mim
Se essa sou eu,
E o coração foi quem respondeu:
- Com tantas mulheres dentro de ti,
Não seria tu, delas, o apogeu?

Ivone Alves SOL

***** 


AMBIGUIDADE 

Tanto eu sei de mim,
Que me abisma saber
Quão pouco sei!
Quanto mais me aprofundo
E me descubro...
Avisto-me longe.
Não estou no que vejo,
Ao olhar fora de mim.
E, quando dentro, eu revejo,
Não estou mais aqui.
O tempo me pisa e vai
Eu... Nem fico, nem vou...
Até que as águas de meus ais
Desfaçam os rastros.

Ivone Alves Sol

 *****

TRAÇOS INACABADOS

Enfada-me o embaralhar das letras
O tilintar dos fonemas desafinados
E atados em dedos – sem destreza
Acho ser, de tristeza, que elas falam

Enleio-me nos traços inacabados
Num quadro pintado sem colorir
Pois de mim, só tenho o que calo
Nos calos da voz furtada de mim

Queria trocar essas letras por falas
Que traduzissem meus sentimentos
Que meus dedos mostrassem a cara
Do que vive no mundo de dentro

Mas, os meus fonemas são vazios
Espargem arredios, ao que profiro
Inquiro em que tom Deus me ouviu
Pois, nem Suas réplicas, eu decifro

Ivone Alves Sol




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