quinta-feira, 30 de junho de 2011

CREPUSCULANDO



CREPUSCULANDO

Era o crepúsculo?
Não sei...
Éramos três e um!
Um céu carmim,
Um mar fora e dentro de mim...
À noite? Que noite?
Ah sim! A noite!
Não aquela que se diz escura
– feito penumbra.
Noite ternura, lírica...
Noite feito dia:
Sol noturno, poesia...
Amigos à mesa,
Lâmpada acesa,
Beleza no céu!
Lua, estrelas...
E nós?
Ah! Iluminados pela grandeza
De sermos amigos,
De estarmos despidamente vestidos
- De natureza!

Ivone Alves Sol

Um carinho poeticamente fraterno, com a benção e o encanto da Baía de todos os Santos, às amigas queridas Miriam Sales e Ana Cláudia Xavier, e ao não menos querido Andriz Petson. Para não esquecermos esse dia de contemplação e exaltação à amizade, no Café Terrasse Aliança Francesa, 27 de junho de 2011





terça-feira, 21 de junho de 2011



NO MESMO TOM

Fizemo-nos melodia
Éramos letras dançantes
Silêncio falante
Poema e poesia...

A música tocava,
Mas nós éramos o som
Abraçávamos o desejo
E dançávamos – no mesmo tom

Ivone Alves Sol







segunda-feira, 20 de junho de 2011

FUGA


FUGA

Meus olhos sorriem enlevados
- Pareço o céu das cordilheiras,
Em bosque coberto de ribeiras.
Estou numa cena cheia de atos!

Acolho o cheiro das orquídeas,
Como se fosse eu suas pétalas!
E, cada passo que dou na relva,
Esparjo, no ar, o gosto da vida.

Sinto-me atrevida e sem luvas;
Causo, nos dedos, sons de alva!
Adejo nas levezas das plumas.

Volto a mim sem fazer curva,
Penso em ser o que eu estava...
Nada restara – era uma fuga!

Ivone Alves Sol





domingo, 19 de junho de 2011

DE TANTO SABER, NÃO SEI...


DE TANTO SABER, NÃO SEI...

Oh, eu sei!
E de tanto saber desse amor,
Dei-lhe cor, sintonia...
Dei-me, em poesia e em louvor!
O porquê dei, é que não sei.
O que ganhei não retratou...

Ivone Alves Sol





sábado, 18 de junho de 2011

FUGACIDADE


FUGACIDADE

Do que fui pouco me resta
Ainda acordo e o dia é novo
Ficam apenas horas avessas
Essas sem pressa, sem contorno...

Há sempre um espaço vazio
No canto supérfluo do olho
Onde o céu não é anil
E eu não vivo entorno

No que vivo pouco me vejo
E quando me vejo já passou
Viver é efêmero e é eterno
A vida vem e eu vou

Acordo e é novo
Olho e mudou
A vida é
Eu estou

Ivone Alves Sol



segunda-feira, 13 de junho de 2011

PESSOA


De tanto tu seres, nem minhas tantos te sabem.
Pois se ainda me pergunto com que alma estou,
Qual de mim ouve teu ser fingidor, sem alarde?
Dispenso a práxis de que o poeta é um sabedor.

O poeta é um sentiDOR – eu soletro os sentidos.
Saber-te Pessoa, sentindo teu clamor ao mar,
Mesmo de outro lugar, eu respiro versos líricos,
Que sem saber por que ama, insiste em aMAR

Sentir o amor que se revela sem saber não é difícil,
Mas conter sua corrente, tu disseste não ser fácil.
O que faço se Deus deu ao mar perigo e abismo,
Senão valer do ceticismo em que me amparo?

Ah, minhas almas são tantas e não são pequenas!
Fazei valer à pena essa torrente em mim
Pois se “a vida é breve, a alma é vasta”
Os sentidos bastam, para minha Pessoa fluir

Ivone Alves Sol

Meu carinho eterno ao Fernando Pessoa, um dos maiores poetas de todos os tempos, pelo seu aniversário e por continuar vivo em nós.  Além de ser sua fã, o Pessoa é meu Patrono na 
Academia de Cultura da Bahia. 






sábado, 11 de junho de 2011

DIA DO SEMORADO



DIA DO SEMORADO

O amor e o tempo namoram.
Namoram tanto, tanto...
Que tantos se desesperam
De tanto esperar o tempo de(s)namorar
São semorados, mora?
Na mora dos anos setenta
- Aquela que o Jovem Guarda,
Como o tempo aguenta
Dar tanto tempo ao amor?
Como se acalenta
Quem somente esperou?
Saber o tempo passando,
O amor expirando, com os dias,
Viver somente aspirando...
Ah, a vida não é só poesia!
Viver é sonho tocado...
Espera-se amor revelado
Na pele,
No tato,
A dois...
No sonho materializado...
Na vida de um dia desperto
No meio da noite!

Ivone Alves Sol