domingo, 29 de janeiro de 2012

INSTANTE VERDE


INSTANTE VERDE

Sorriso aberto
E um gesto incerto de ser
Mas se chover no deserto
O verde é desperto no que eu ver

Tenho um querer e uma fonte
Distante, mas eu posso ter
O que vou fazer não me aponte
Eu não sei onde nem quero saber

Quero viver o instante
Adiante é longe demais
O que se faz não é o bastante
É relevante, mas se desfaz

Eu quero mais, e mais
Mas, nesse instante
Nem adiante, nem atrás

Ivone Alves Sol


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

DEUSA DA NOITE



DEUSA DA NOITE

Tragam-me as chaves da noite
Quero os céus abertos – todos
Soltem os deuses de sua corte
Encerrem os louvores do povo

Movam os tronos de lugares
Porei novos alteres em cada um
Trocarei os jejuns por manjares
Desses de bares comuns

Sirvam-nos de rum e charutos
Refuto as pitadas da razão
Não me atenho ao que escuto
Desfruto da minha visão

E se for perdição não é pecado
Os deuses do meu lado estão
Depois voltarão galhardeados
E de chaves não precisarão

Ivone Alves Sol

sábado, 21 de janeiro de 2012


FOTOGRAFIA DE UM MOMENTO


O dia esvai no tilintar das horas,
São sonoras as cores que o encerra.
Descerra a cortina que o decora
-Vida notória numa aquarela.

Ah, como é bela a dança do ocaso!
Esse passo leve do vento...
Movimentos suaves – e raros!
Um abraço entre a vida e o tempo.

Momentos eternos não demoram,
- São sempre agora, a alacridades!
A efemeridade de uma hora,
Não leva embora a nossa vontade...

De viver outros momentos,
De fazer outros momentos...
Como agora!

Ivone Alves Sol

Poema inspirado nessa belíssima imagem, fotografada pelo meu amigo de Matola – Moçambique, Zeca Ribeiro. Um presente para guardar em minha galeria e em meu coração. Obrigada, Zeca!
 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

HOJE


         HOJE

         O que há além do momento,
         Há tempo além de agora?
         Essa hora é tão grande...
         Tão plena!
         Eu vivo tudo:
         Sonhos
         Dúvidas
         Realizo
         Digo
         Nego

         Nego-me a pensar no depois,
         A fazer depois,
         A querer depois!
         Mas o que farei então?
         Não sei...
         Eu sempre faço,
         Eu só faço!
         Quando acordo é sempre hoje.
         Deixo que meu pensamento adeje,
         Pois eu velejo
         Sobre um mar de interrogações...
         E, num barco teimoso,
         Teimo a viver sem temer!
         Se viver for pergunta,
         Respondo agora
         - Com outra pergunta, quiçá...
         Mas sempre agora!
         Até posso pensar no amanhã,
         Mas viver...
         Ah! Isso eu faço hoje,
         Somente hoje!

         Ivone Alves Sol

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

TEMPERATURA (letra de música)



TEMPERATURA (letra de música)


Deixe-me sentir
Esse calor que me tosta a pele
Insere em meu corpo o que intuir
Vem me esculpir, me reveste


Faça um teste de temperatura
Diz se atura o meu calor
Não seria amor se não fosse loucura
Minha ternura é feito vapor


Deixa-me compor em teu peito
Os efeitos começam a pintar
Vem dançar sobre o nosso leito
O que está feito não dá pra mudar


E se terminar recomece
Gosto dessa febre em teu olhar
De esse falar feito prece
Aquece-me, que eu viro altar


Ivone Alves Sol


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

ESTRADA (letra de música)



ESTRADA

Cansar-me de que
O fazer é a dança do tempo
Reinvento, me invento sem saber
Os porquês são manobras do vento

A contento me vou
Foi o chão que ficou no entroncamento
Meu movimento mudou
Sou d’um lado amor e d’outro o que penso

E quando penso sou mais eu
Eu estou no que vivo
Se for preciso viro ateu
Ou sou o deus que acredito

Gosto do grito que expirou
No vapor da madrugada
Desse nada que ficou
Onde eu vou fazer estrada

Ivone Alves Sol

        Perfeita a composição poética.A métrica perfeita para que quem musicar tenha a facilidade de colocar nos tons o elemento preciso em termos de harmonia e melodia.Parabéns e que faça sucesso para que o mercado fonográfico exercite com o que é belo e terno os ouvidos das pessoas.
Beijos.Feliz sábado querida

Do escritor Cezar Ubaldo, por e-mail.



quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

SENTIMENTO ATROZ



SENTIMENTO ATROZ

Tudo em mim é você vivendo
Não me avisto sendo se me olho
Não é mais notório o que pretendo
Eu não me compreendo no que mostro

Prostro-me ao teu sorriso
Um risco verde entre os lábios
Não me enlaço e nem sigo
Não tenho abrigo em teus braços

Embaraço em meus gritos
Proferidos sem voz
Em prol de estar contigo
Eu arrisco ser nós

É atroz esse sentir
O querer ir sem ter onde
Essa ponte a abluir
Sob os meus olhos vazantes

Ivone Alves Sol