segunda-feira, 2 de maio de 2011

NUA



Nua

Hoje me despi do estar para ser eu.
Espantei-me, ao me vê como sou...
Faz tanto tempo que me cubro de alacridade,
Que nem percebi as quimeras em meu sorriso.
Era tanta felicidade tingida de anil,
Tantas verdades criadas de vento!
Hoje, ao relento, o chão se abriu...
Virei rio de semi-árido entre pedras e gravetos,
Que leva o mato seco – e seca-se!
Suspiro gotas de Mar, e hiberno.
Por que meu corpo é suor
E meus olhos, oceano.
Hoje eu não me engano...
Profano os deuses que me iludiram
-Todos sumiram!
Fiquei só, com tantas de mim...
Ah, eu não sabia que eu era assim!
Por tanto tempo eu relutei me saber,
Quantas vezes eu me vi sem me crer...
Hoje estou nua,
Rasguei a utopia,
Laqueei as asas...
Mas a realidade é dura
E dói,
A verdade é turva
E corrói...
Não aprendi a ser – sem nós.
Desaprendi a viver no singular,
Não sei andar em caminho de uma mão...
Estou no chão sem saber onde pisar,
Não tenho lugar fora da ilusão!

Ivone Alves Sol

Um comentário:

  1. Olá Ivone,suas palavras desfraldam uma personagem navegando pelos dois mundos concernentes ao nosso viver, o real e o subjetivo, esta habilidade lhe concede maiores satisfações em seu cotidiano, porem suscitam-lhe grandiosas duvidas, meus parabens pelo seu sapiente poema, MJ Taubaté SP.

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