domingo, 11 de setembro de 2011

DESCONTENTAMENTO




DESCONTENTAMENTO

Eu queria falar das coisas sem falar de mim.
Falar deste céu azul, que avisto da janela,
Sem tingi-lo com as cinzas dos meus olhos.
Oscular a madrugada que me sentinela,
Sem conspurcá-la com os meus remorsos.

Eu queria saber as coisas sem saber de mim.
Saber que o amor tem dimensões infinitas,
Sem saber que em mim, o infindo é lacônico.
Que a vida deve ser, a todo instante, erigida,
E ignorar que morro na demolição dos sonhos.

Eu queria sentir as coisas sem sentir a mim.
Sentir essa brisa que adentra meu quarto,
Sem sentir o vazio que enche minha alma.
O calor oriundo de um abraço apertado
Sem sentir esse aperto que me tira a calma.

Eu queria viver nas coisas sem viver em mim.
Viver nesse Mar de ilusão que me é tão real,
Sem viver a literalidade desse eu induzido,
Assistido por mim, sem ser compreendido...
Ignorar essa vida pronta a qual não comecei.

Ivone Alves SOL 



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